CAMPO DE CONCENTRAÇÃO SACHSENHAUSEN


Meus caros, antes de mais nada um SPOILER: esse post é triste. A visita ao campo de concentração foi marcante. Com certeza não vou conseguir expressar em palavras tudo o que vi, ouvi e senti, mas vamos lá.

Acordei, e ainda chovia (terceiro dia de friaca intensa em Berlim em pleno outubro). Fui de novo para a frente do Portão de Bradenburgo para pegar o Free Tour para o Campo de Concentração, o Memorial e Museu de Sachsenhausen, também pela SANDEMANs. Tomei uns bons drinks de café na Starbucks, e quando estava esperando a turma se organizar conheci uma brasileira, que também ia no tour e fizemos amizade. Daí em diante não fiquei mais sozinha, jogada as traças e abandonada! E o melhor é que ela também ia para Amsterdam no mesmo dia que eu, para nooooossa alegria! 


Bom, antes de tudo, o guia nos recomendou a comprar um ticket do metrô ABC, pois este está habilitado para áreas fora de Berlim, onde fica o campo de concentração. Foi uns 40 minutos de trem até chegar em Oranienburg, depois pegamos um ônibus e em dois palitos, chegamos lá.


O Campo foi construído em 1933, onde a princípio, eram enviados apenas os presos políticos, os “comunistas”, e depois foram enviados os judeus, os gays, ciganos e opositores em geral, ao total, uma estimativa de 200.000 mil prisioneiros. Na entrada tem um lugar para informações, compra de livros, e etc. De lá, paramos na entrada do Campo, onde está escrito no portão: “ARBEIT MACHT FREI” (O trabalho liberta). Essa era a propaganda enganosa que a Alemanha passava: de que lá as pessoas iam para trabalhar, serem alimentadas e tratados dignamente. 





Lá é um grande descampado, com algumas instalações que restaram, pois boa parte dos barracões foram destruídos. Sachsenhausen era tido com um "Campo Modelo", era onde ficava a administração dos demais Campos de Concentração na Alemanha, e onde os soldados passavam por treinamentos. 


A primeira parada foi no pavilhão dos judeus, um dos barracões que ainda está em pé. 


O  "pijama" usado pelos prisioneiros, o famoso uniforme listrado.


  

No dormitório, os presos eram amontoados nas beliches, e cada cama era dividida por muitas pessoas, e segundo o guia, muita gente morria durante a noite, e os que dividiam as camas acabavam por não perceber, e dormir com os mortos. Sem contar os fluídos corporais dos mortos que desciam para as camas debaixo. Muita gente morria por doenças, frio e desnutrição, e os demais acabavam por morrer nas câmaras de gás, fuzilamento ou experimentos médicos.



Essa foto não ficou decente, eu sei, mas as beliches são mantidas atrás desse vidro, onde não pudemos ter acesso.





O banheiro coletivo, uso permitido apenas duas vezes ao dia, e dessas bacias saía a água gelada para que muitas pessoas se lavassem ao mesmo tempo. Aqui também muitos prisioneiros foram afogados pelos guardas.



Quarto da tortura

   

Em outro pavilhão, onde ficavam os presos de guerra. Estes quartos tinham as janelas fechadas, o que os obrigava a ficarem no escuro por incontáveis dias.


Zona Neutra, onde quem pisasse era fuzilado imediatamente. Os prisioneiros que desejavam serem mortos, acabavam pisando ali com a esperança de colocarem fim ao sofrimento, mas os soldados sabendo disso, acabavam atirando nas pernas ou pés, afinal somente eles saberiam quando os prisioneiros deveriam morrer.

Paramos no meio do campo para algumas explicações do guia, e eis que fomos pegos pela maior ventania da minha vida. O tempo escureceu de repente, começou uma chuva muito, mais muito forte e um vento anormal que quase me carregou embora. 

Totalmente ensopada, cheguei a Estação Z, que é a mais tocante de todas as instalações. O nome faz alusão a entrada do campo, a Torre de Comando A, e a Estação Z, última letra do alfabeto, que seria o fim de tudo, a morte.


Ali seriam mortos por fuzilamento, e onde eram cremados. Aqui foi o que sobrou dos crematórios.


Passamos também pelo depósito de corpos, um lugar escuro com cheiro forte, que nos causou uma sensação muito angustiante ao entrar, não sei explicar. 



Este é o livro dos Mortos de Sachsenhausen 1936-1945 com os nomes de milhares dos mortos no Campo de Concentração.

A ida ao campo de concentração é bem triste, pesada, mas única. A todo momento, somos forçados a pensar em todas as crueldades que ocorreram durante o Holocausto, em uma experiência para nos defrontarmos com tudo o que isso significou para a história humana, até onde a loucura dos homens pode chegar. Escrevendo este post, e relembrando tudo, sinto o mesmo sentimento de tristeza e pesar.


Na volta, quando chegamos a estação de Bradenburg Tor, estávamos exaustas, chapiscadas de chuva e mortas de fome, e comemos um Big Mac esperando o metrô mesmo. Detalhe que no Museu não há lugar para comprar bebida ou comida, então esteja preparado ou leve alguma coisa.

Para mais informações, site do Memorial: http://www.stiftung-bg.de/gums/en/


Próximo post do meu último dia em Berlim, que foi o mais legal de todos, fez sol e eu tinha uma nova amiga de curtição.

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