Haviam sido feitos um para o outro. Era essa a verdade que lhe inflamava o peito quando pensava nele. E haveriam tantas coisas que ainda viveriam juntos. E desfilariam por tantas festas de braços dados, como reis de seus próprios mundos, e haveria tanto orgulho em ser só dele e ele, só dela.
O amor tem dessas coisas mesmo. Cristine havia sido assolada de maneira intensa por aquele sentimento, e aquilo era tão bom. Seu corpo se amornava e estremecia a cada pensamento que sua mente projetava. Se casariam na primavera. E teriam dois filhos. E haveriam planos e os dois transbordariam em vida e afetos, todos os dias.
Foi no último dia de outono, no mercado de San Miguel, que sua melhor amiga, baixinha e franzina, tagarelava ininterruptamente sobre uns rapazes que conhecera na noite anterior em algum clube. Um deles, dizia ela, era o par perfeito para Cristine, e que os dois, deveriam se conhecer.
E naquela manhã em Madri fazia frio no pequeno café em que se sentara, na Plaza Mayor. Ela tamborilava uma moeda entres seus dedos, nervosa. Não deveria ter cortado o cabelo no dia anterior. Insistentemente puxava a franja curta, sob os olhos, que teimava em se rebelar. Pediu um café, que queimou-lhe os lábios no primeiro gole. Olhou pro relógio, e pensou que talvez ele não viesse. Poderia ter sofrido um acidente, ou coisa pior, teria desistido do encontro.
Avistou-o se aproximando. Andar desajeitado, mãos nos bolsos, também parecendo nervoso, embaixo dos óculos escuros. Ele a viu, abriu um sorriso e envolveu-a num abraço tímido, porém sincero.
-Desculpe-me, atrasado para o nosso primeiro encontro. Está um dia agradável para nos conhecermos, iremos nos divertir.
Ela já sabia que iriam se divertir. Ela já havia planejado a vida inteira dos dois, juntos. E haveria tanto orgulho em ser só dele e ele teria tanto orgulho em ser só dela, para sempre, afinal o amor tem dessas coisas mesmo.
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